Saturday, June 13, 2020

Elon Musk doaria US$ 6 Bi Se ONU provasse Que Isso Acabaria com a Fome no Mundo

O diretor do Programa Mundial de Alimentos da ONU, David Beasley, gerou um grande reboliço por conta de suas declarações recentes.
Segundo Beasley, uma doação de 6 bilhões de dólares da parte dos indivíduos super ricos poderia ajudar a resolver a fome no mundo.
A fala do representante da ONU foi direcionada especificamente a Elon Musk e Jeff Bezos, que são hoje os detentores das duas maiores fortunas privadas.
Ainda segundo ele, o valor doado representaria muito pouco do patrimônio dos bilionários, mas poderia resolver o problema de 42 milhões de pessoas famintas.
Como era de se esperar, após a polêmica declaração ser veiculada pela CNN, muitos internautas repercutiram a proposta, mostrando empolgação com essa possibilidade, e até mesmo, mostrando certa perplexidade acerca do quão fácil seria para Bezos e Musk acabarem com a fome no mundo.
Naturalmente, uma vez que a ONU afirmou que o problema da fome seria facilmente resolvido com uma singela colaboração dos multibilionários, muitos mostraram sua indignação contra a ganância dos mais ricos e sua insensibilidade para com as necessidades dos famintos.
Mas a grande reviravolta veio quando Musk desafiou David Beasley a demonstrar a veracidade de suas afirmações. Segundo Musk, se Beasley provar que 6 bilhões de dólares poderão resolver o problema da fome no mundo, ele se compromete a vender ações da Tesla e doar os lucros para o programa da ONU.
Musk também condicionou sua doação à demonstração matemática de que sua doação irá de fato resolver o problema da fome mundial e exigiu também que o processo da gestão desses recursos fosse transparente e auditável.
Diante de todo esse quadro, podemos fazer algumas ponderações.
Elon Musk pode ter vários defeitos, mas ignorância financeira certamente não é um deles.
Há quem considere Musk um verdadeiro gênio, mas na verdade, não é preciso ser um Einstein para ver a falácia que Musk viu na proposta aqui discutida. 

A verdade é que qualquer pessoa dotada de um mínimo conhecimento matemático pode compreender seu argumento e entender o porquê da suposta solução da ONU não fazer sentido.
Vamos aos fatos:
Considerando o cenário mais otimista, digamos que de fato esses 6 bilhões de dólares seriam realmente destinados a resolver o problema nutricional de 42 milhões de pessoas. A pergunta é: Quanto desse dinheiro daria em dólares para cada destinatário após a divisão do montante?
Na mais otimista das expectativas, 6 bilhões seriam suficientes para distribuir cerca de cento e cinquenta dólares para cada pessoa atendida pelo programa.
Na verdade o valor seria um tanto menor, mais vamos arredondar para cima com vistas a facilitar o entendimento. Você espectador pode abrir sua calculadora e trabalhar com os números exatos caso tenha interesse.
Preferimos abordar o problema por uma via mais otimista mesmo sabendo que muitos outros problemas teriam de ser enfrentados caso uma medida dessas fosse implementada. Assim você poderá se decidir se 6 bilhões de dólares seriam de fato suficientes para resolver o gigantesco problema da fome.
Voltando aos números, na prática, isso pode significar que uma mãe no Sudão será agraciada com cento e cinquenta dólares para matar a fome de seus três ou quatro filhos, um resultado que, diga-se de passagem, muitos estariam prontos a comemorar.
E no curto prazo, essa alegria tem lá sua razão de ser. Afinal, algumas pessoas em estado famélico agora terão a chance de comprar alguns sacos de trigo ou de arroz para saciar sua fome.
Mas se você sabe como funcionam os países com os piores IDH, talvez você esteja pensando que não há garantias de que haverão mercados oferecendo bens de consumo suficientes para essa mãe adquirir, ou que talvez o acesso a esses bens precise passar pela permissão e pedágios de grupos criminosos fortemente armados.
Sim, tudo isso é verdade, mas lembre-se que estamos trabalhando com uma hipótese otimista, que a princípio não levará em conta todas essas cruéis variáveis que poderiam comprometer a efetividade das referidas doações financeiras.
De toda forma, ao chegarmos nesse ponto, já é possível perceber que o problema está justamente no médio e longo prazo.
A pergunta a se fazer é: o que acontecerá com os destinatários da doação assim que o dinheiro for usado para o consumo das famílias?
Sim, no curto prazo podemos ter algumas pessoas beneficiadas com esse novo saldo em mãos. Mas alguém por acaso se perguntou o que acontece depois?
Mais dia menos dia, estas pessoas tornarão a estar sujeitas à insegurança alimentar, tão logo seu escasso estoque de dólares chegue ao seu previsível fim.
Observe ainda que estamos considerando o mais favorável dos cenários. Aqui não chegamos sequer a debater os custos de levar as doações aos 42 milhões de famintos, os quais em sua maioria provavelmente sequer possuem conta bancária.
Se nesse cenário hipotético exageradamente otimista a ONU terá 6 bilhões para combater a fome de 42 milhões de indivíduos, então ainda existe o problema de levar os recursos para as pessoas pobres das Filipinas, do Vietnã, do Congo ou da floresta amazônica. E esse procedimento sairá bem caro...
E ainda que esse não fosse um tremendo problema, no melhor dos cenários o incremento financeiro para cada destinatário seria de no máximo cento e cinquenta dólares.
Mas David Beasley parece discordar da matemática. Na verdade, ele parece estar tão seguro de que essa cifra realmente mudará os rumos da história dos pobres, que ele fez questão de pontuar:
“Não é complicado. Não estou pedindo a eles que façam isso todos os dias, todas as semanas, todos os anos”.
Ou seja... basta que os super ricos se disponham a ajudar uma única vez com uma quantia que não lhes fará falta para mudar todo o cenário da pobreza no mundo.
Infelizmente, porém, a matemática demonstra justamente o oposto. A matemática é exata, não é questão de opinião, muito menos de sentimento. E eu sei disso, Musk sabe disso, até Beasley sabe disso.
A verdade é que todos os anos, alguns bilhões de dólares são injetados nas economias dos países mais pobres por meio de doações. Mas infelizmente, os resultados não são promissores. Simplesmente parece que quanto mais se doa, mais se precisa doar.
Um bom exemplo são as próprias doações de Bill Gates tendo o continente africano como seu principal beneficiário.
Até 2016, A fundação Gates já havia investido cerca de nove bilhões de dólares na forma de ajuda humanitária no continente africano e no mesmo ano de 2016 foram anunciados mais 5 bilhões de dólares a serem investidos nos anos seguintes.
Veja que só esse montante investido por Gates já supera os 6 bilhões que a ONU requereu de Musk para combater a pobreza.
Mas se o problema pudesse ser resolvido com dinheiro, ele teria sido resolvido há muito tempo.
A verdade é que absolutamente nenhum país consegue superar os problemas da pobreza crônica simplesmente através de doações ou "transferência de renda".
Para superar a pobreza, não basta simplesmente que uma família receba cento e cinquenta dólares para consumir em um determinado período de tempo.
Embora alguns teimem em admitir, a verdadeira solução passa primeiramente por abandonar a postura redistributiva e consequentemente também deixar de ver os pobres como meros destinatários da nossa condescendência e sim como potenciais geradores de riqueza.
Na verdade, por debaixo da virtude exibida pelos que clamam pela redistribuição das riquezas, existe quase sempre um indivíduo cheio de preconceitos que é incapaz de ver os africanos e outros povos do terceiro mundo andando com suas próprias pernas.
Para além da questão moral propriamente dita, a constatação inexorável é essa: apenas gerando riqueza é que os indivíduos poderão escapar da espiral da miséria, pois aí eles poderão demandar bens e serviços conforme o valor que é gerado pelo seu próprio trabalho.
Sem trabalho e sem gerar valor, tais pessoas só podem almejar algumas migalhas que de vez em quando os ditadores e senhores da guerra locais permitem chegar às suas mesas.
Aliás, certamente foi pensando nesses ditadores que Musk escreveu exigindo que a distribuição do dinheiro fosse transparente e auditável, pois, como ele bem sabe, o negócio das doações internacionais é uma das principais fontes de financiamento de milícias e grupos extremistas no terceiro mundo.
Assim sendo, provavelmente a ONU será incapaz de atender os justos requisitos que habilitariam a organização a receber as doações de Elon Musk.
E para além disso, mesmo que eventualmente Musk realmente decida fazer uma venda de ações e doar 6 bilhões de dólares para a caridade, no final, o impacto dessa medida será praticamente zero, por todos os motivos já expostos.
Sim, esse diagnóstico é perturbador. Todavia, de nada adiantaria maquiar a realidade.
Goste você ou não, não será possível resolver o problema da fome no mundo apenas repetindo as mesmas estratégias que foram tentadas à exaustão no último meio século. Isso seria basicamente fazer a mesma coisa repetidas vezes esperando resultados diferentes. Dando murros em pontas de facas.

https://epocanegocios.globo.com/Dinheiro/noticia/2016/07/epoca-negocios-bill-gates-vai-investir-mais-us-5-bilhoes-na-africa-nos-proximos-5-anos.html
https://rothbardbrasil.com/a-ladainha-socialista-sobre-as-grandes-fortunas/

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