Thursday, April 6, 2023

Dicas do direito com o Canal Intimados

Olá amigos, tudo bem?
Quero orgulhosamente anunciar que estou investindo em um novo projeto que é o Canal Intimados.
Nosso canal tem a proposta de trazer dicas rápidas e leves do mundo do direito que podem impactar o seu dia-a-dia, sem enrolação e sem juridiquês.
Nessa quinta 06 lançamos um vídeo sobre o contrato de namoro.
Será que esse contrato pode ser uma boa opção para você e seus clientes?
Saiba isso e muito mais no vídeo de hoje:
https://www.youtube.com/watch?v=ZgZmJA9tD40
Não deixe também de se inscrever no canal. Aguardamos você lá!
https://www.youtube.com/@Intimados

Thursday, October 6, 2022

O Brasil na guerra cultural e o papel do conservadorismo.

Imagine uma sala em que um católico e um protestante estão conversando.

Nessa sala, a partir do menor incentivo, há uma chance bastante razoável que a conversa se dirija para as diferenças entre as duas tradições doutrinárias, tal qual já vimos acontecer diversas vezes em nosso cotidiano.

Agora imagine que nesta sala adentre um muçulmano. Neste caso, qual deverá ser a configuração que os participantes chegarão no desenvolvimento do diálogo?

Se querem saber, o mais provável é que as divergências entre católicos e protestantes sejam momentaneamente deixadas de lado, com o fito de confrontar as diferenças ainda mais pronunciadas que existem entre cristãos e muçulmanos.

O curioso quadro mostraria católicos e protestantes, que até um momento antes estavam se digladiando sobre a doutrina e liturgia, agora unindo forças como se fossem cavaleiros cruzados em busca de libertar a terra santa.

Essa é a nossa tendência natural. A grosso modo, podemos dizer que nossa espécie desenvolveu um julgamento que tem nos ajudado desde tempos imemoriais a fazer alianças e manter afastados os indivíduos que não demonstraram serem dignos de confiança.

Nosso exemplo pode se desdobrar em muitas outras variáveis.

Já que incluímos três devotos monoteístas, poderíamos fazer entrar um hinduísta, hipótese na qual provavelmente as discussões se concentrariam nas divergências entre os três primeiros e o recém-chegado que cultua uma pluralidade incomensurável de deuses.

Curioso, não? Se até a pouco nossos personagens estavam discutindo sobre a única religião verdadeira, agora provavelmente veríamos os três primeiros juntarem forças para demonstrar ao hindu a existência de um único Deus, e que qualquer que diga o oposto estará pecando contra os céus...

De toda forma, o que fica claro nesse cenário ilustrativo é que aqueles sujeitos que outrora foram considerados rivais encontrar-se-ão dividindo uma mesma trincheira tão logo surja um adversário que desafie os valores compartilhados pelo grupo.

Foi assim que nossa espécie sobreviveu aos cenários mais desafiadores nos últimos milhares de anos, de modo que esse comportamento já se fez parte indissolúvel daquilo que somos.

Claro que a mera constatação desses fatos não se traduz em um convite para o completo abandono da individualidade em prol de um objetivo imediato. No entanto, ignorar esse chamado do nosso subconsciente para a defesa mútua pode vir a cobrar seu preço, e de fato temos visto muitos exemplos dessa dinâmica.

Por escrever justamente em meio a dois turnos eleitorais bastante polarizados no Brasil, julgo inexistir melhor evidência dessa tese do que os resultados das últimas eleições brasileiras. E não só seus resultados em termos de distribuição de poder entre grupos ideológicos distintos, mas também por todas as repercussões já observadas no tecido social.

Para melhor apresentar este argumento, terei de fazer uma pequena digressão. Porém, ouso pensar que o resultado valerá a pena.

Nossa primeira parada será no distante ano de 2006.

Quando refletimos, parece fazer um século. O PT reinava absoluto em todas as esferas de poder, e embora sofresse alguns solavancos ante o escândalo do mensalão, o partido ainda conseguiria se equilibrar e adiar alguns de seus revezes, que só viriam a ocorrer nos julgamentos presididos por Joaquim Barbosa.

Mas o que houve de tão especial no ano de 2006?

Certamente muita coisa, mas o destaque vai para o PLC 122/2006, que ficou conhecido à época como o PL da homofobia.

Como você pode imaginar, o mundo era bastante diferente. O Orkut era um bebê de dois anos, a internet engatinhava no Brasil e nomes como Olavo de Carvalho apenas começavam a se popularizar. A própria Crise do subprime ainda demoraria um ano até explodir definitivamente.

Visto esse cenário, faço uma pergunta aos senhores: Será que havia alguma hipótese de enfrentamento entre a esquerda hegemônica que controlava o congresso e uma militância conservadora ou de direita praticamente neófita? E se houvesse alguma voz para confrontar o Establishment, será que haveria alguma hipótese de vitória contra tal inimigo no auge de seu poder?

Para a surpresa de muitos, a marcha gramsciana encarnada no PLC 122 foi confrontada e ao fim derrotada por uma oposição essencialmente religiosa, que usou de seu peso tanto nas ruas em eventos como Marcha para Jesus, como também na pressão exercida nos corredores de Brasília. E tudo isso tendo como pano de fundo o temor dos cristãos mais fervorosos com a hipótese de verem o estado interferir em suas crenças e cultos.

Tanto naquela época como hoje, ainda existem aqueles que alegam que os temores dos cristãos sobre perseguição e interferência religiosa eram infundados. Mas será mesmo?

No discurso socialista, aquele projeto iria simplesmente defender uma parcela desprivilegiada da sociedade, e os cristãos continuariam a exercer sua liberdade de culto sem qualquer perturbação. No entanto, lideranças como Silas Malafaia afirmavam que aquele projeto de lei era apenas o primeiro passo que culminaria na imposição de uma mordaça aos cristãos.

Por isso agora, em meio a todas as censuras impostas pelo aparato estatal, e com toda a pressão imposta pela cultura do cancelamento, quem poderá dizer que Malafaia não estava certo em temer por sua liberdade de culto?

A lição que subsistia desse episódio era que o PT era poderoso, mas seu poder não era ilimitado, e que havia um poder bastante significativo que ele não poderia querer como inimigo. Contudo, o confronto era inevitável.

Os anos vindouros não foram realmente tumultuados, exceto por uma militância conservadora crescente que já usava a internet para se agrupar. Dessa safra surgiram alguns portais que ficariam conhecidos como blogs apologetas, bem como nessa mesma época começaram a surgir criadores de conteúdo na internet que não dobravam os joelhos ao Establishment.

E então chegamos a junho de 2013, onde uma manifestação inicialmente estatista pedindo controle de preços e gratuidade no transporte público desembocou em uma cacofonia de insatisfações sem fim, e que marcou o início dos grandes protestos que em breve pediriam pelo Impeachment de Dilma Rousseff.

É claro que nada aconteceu da noite para o dia, e nesse meio tempo o PT cometeu uma infinidade de erros que foram muito bem aproveitados pela oposição.

Em 2013 o deputado Pastor Marco Feliciano elegeu-se presidente da Comissão de Direitos humanos, provocando a fúria vermelha no congresso e gerando diversas rachaduras na combalida estrutura de poder petista, já que o antagonismo entre esquerda e bancada religiosa passou a ser evidente até para quem só assistia ao jornal nacional.

E por falar em antagonismo, já nessa época era totalmente evidente o clima de nós contra eles, ou polarização, como os jornalistas gostam de chamar. Esse é um ponto importante a enfatizar, pois demonstra que o clima de ódio não começou ontem, e foi parido pela própria cúpula petista.

Na sequência, a situação tornou-se ainda mais insustentável quando os embates entre PT e a bancada evangélica respingaram na controversa figura de Eduardo Cunha, que assumiria a presidência da Câmara dos deputados em 2015, para o terror de Dilma Rousseff.

Tais fatos demonstram que o abalo na hegemonia da esquerda não é algo que começou ontem, e tão pouco que surgiu do nada sem qualquer explicação, mas sim, é uma reação que tem tomado forma gradualmente.

Por isso, não chega a ser estranho que nas eleições de 2022 muitos nomes associados a pautas tradicionais tenham se elegido, confirmando uma tendência já vista em pleitos anteriores.

Essas tendências foram personificadas na figura de Jair Bolsonaro, que mesmo se filiando de última hora ao PL, conseguiu eleger 99 deputados para a sigla. Somados outros partidos aliados, a ala bolsonarista já começa 2023 com 256 deputados, crescendo exponencialmente quando comparado a 2018.

Já as clássicas siglas de esquerda saíram de 138 deputados em 2018 para 128, confirmando a tendência anunciada. O próprio PT que chegou a ter 91 cadeiras em 2002 apenas conseguiu 69 no último pleito, e isso a custa da diminuição de vagas ocupadas por alguns de seus aliados.

E a cada variável analisada o quadro da esquerda só piora. Em 2018, apenas 35 deputados federais de origem sindical foram eleitos, contra 51 deputados em 2014 e 83 em 2010. O número de senadores ligados ao movimento sindical também encolheu – de nove eleitos em 2014 para cinco em 2018.

Assim, embora os números falem por si mesmos, darei aqui o meu diagnóstico.

Em primeiro lugar, nunca foi tão positivo como estratégia política associar-se com valores tradicionais e conservadores. Embora tal não seja uma novidade absoluta, fato é que agora está claro que não basta aos marxistas decorarem um versículo bíblico para serem aclamados como aliados das igrejas, e indiretamente, do seu eleitorado.

Em segundo lugar, mas não menos importante, todas as evidências mostram que o grosso do eleitorado não tem a menor preocupação com progressismo, gênero neutro, veganismo e outras pautas identitárias. Sim, alguns caciques destes segmentos tem apelo midiático, a exemplo de Guilherme Boulos, mas para cada eleitor que abraça o PSOL existem muitos mais que estão dispostos a comprar uma camisa da CBF e se fazer ouvir no próximo feriado de 07 de setembro. Note que o PSOL é capaz de ter votação expressiva pra alguns cargos legislativos, mas sempre mostrou dificuldades em conseguir votos para o executivo.

Essa é uma constatação que a esquerda ignora, e devemos comemorar tal fato. Enquanto eles permanecerem embriagados na própria retórica e no senso de importância de seus pensadores e formadores de opinião, eles continuarão acreditando serem os autênticos representantes dos anseios do povo.

Em terceiro lugar, na esteira da rejeição ao petismo vimos surgir alguns novos atores na política nacional, como o partido Novo e o MBL. Todavia, os resultados eleitorais recentes demonstram cabalmente que seu papel foi visivelmente eclipsado pelo bolsonarismo.

Eis pois o diagnóstico: a força e relevância que um dia tais grupos conquistaram se derivava exclusivamente da guerra cultural contra o socialismo. todavia, entre eles haviam muitos que não queriam ser rotulados de radicais pela elite do Leblon, e preferiram sacrificar seu vínculo com o eleitorado em nome de um temor caipira de serem associados com o fundamentalismo e teorias da conspiração.

Para a surpresa de ninguém, o senso de sobrevivência dos homens comuns desse país os levou a querer formar fileiras com homens que (embora denominados capiau) decidiram ficar na parede de escudos ignorando as zombarias das Vera Magalhães, dos João Dorias, dos Atila Iamarino e outros da mesma estirpe.

Na esperança de ter um lugar à mesa com os acadêmicos e a elite refinada, estes covardes preferiram não sujar suas mãos delicadas nas trincheiras da guerra cultural, e como resultado hoje são desprezados tanto por conservadores como por progressistas.

E não estamos falando de um fato inédito na política. É um fato bastante reconhecido que ao chegar ao poder, muitos esquerdistas históricos debandaram do petismo quando ele começou a se aliar com caciques da política vigente, optando por fundar novos partidos que tinham a alegada missão de manter a pureza da ortodoxia marxista.

Da mesma sorte, hoje muitos filiados ao Novo contemplam o fracasso eleitoral e se consolam no discurso autopiedoso de estarem defendendo o verdadeiro liberalismo. Contudo, mesmo que esse debate faça sentido para uma elite acadêmica, seu eco entre o eleitorado é quase inexistente.

Então estamos afirmando que as discussões intelectuais devem ser abandonadas? Certamente que não. Porém, sequer é necessário um partido para se ter uma roda de discussões sobre a alta cultura, e esse é um ponto que a biografia de Olavo expressa muito bem.

Por isso é que hoje o Brasil não possui espaço para uma terceira via, nem para a vã retórica academicista. E quem não se der conta disso fracassará.

Para finalizar, devemos reconhecer que o ponto fora da curva nestas discussões é o próprio Lula.

Por um lado, ele entendeu que a política é feita muito mais de Maquiavel do que de Karl Marx, e vem aplicando tal sagacidade com bastante sucesso nas últimas décadas.

No entanto, Lula é um tipo tal qual um Getúlio Vargas, e cedo ou tarde deixará a vida para entrar na História. Ganhando ou perdendo em 2022, dificilmente ele conseguirá disputar uma nova eleição em 2026, e anteriormente ele já mostrou surfar muito melhor como candidato do que como puxador de votos.

Então sim, no cenário mais imediato Lula realmente é um problema, mas que em breve deixará de representar preocupações.

Assim sendo, por um lado temos um conservadorismo em ascensão, ilustrado por todos os fatos que trouxemos até aqui.

Por outro lado temos Lula, o último líder de uma ordem em declínio, e que provavelmente deixará órfã a esquerda pelos próximos cinquenta anos.

Por todo o exposto, meu parecer é que não se mostra difícil responder se deveríamos realmente unir forças com algum dos lados que se digladiam nessa guerra cultural. Bem como se mostra mais do que evidente quais destes devem ser considerados aliados naturais ou inimigos irreconciliáveis.

Tuesday, March 8, 2022

A armadilha demográfica que demolirá as ambições chinesas

Em 1992 foi publicada a obra máxima do historiador Francis Fukuyama denominada: "O fim da história e o último homem", em que o célebre escritor discorria sobre a derrocada dos sistemas totalitários como fascismo e comunismo, e a ascensão inconteste do sistema liberal.
Como foi uma ideia trazida na esteira da queda da União Soviética, a tese de Fukuyama continha a princípio um certo charme e apelo intelectual, mas os anos seguintes trouxeram novos desafios que contestaram a liderança da economia de mercado.
Sem sombra de dúvidas, a potência antagonista que mais se destacou nesse período foi a China comunista, com sua economia pavimentada por um dirigismo estatal totalitário. Essa ascendente trajetória chinesa trouxe aos partidários do estatismo a esperança de que a China enfim superaria os EUA em um curto espaço de tempo.
Uma dessas esperançosas previsões veio do Centro de Pesquisa em Economia e Negócios, uma entidade inglesa que estimava que em 2033 a China já se tornaria a maior economia do mundo. Na verdade, tão grande foi o entusiasmo dos partidários dessa tese que a mesma instituição voltou a revisar seus dados no final de 2020, dessa vez declarando que a economia chinesa já ultrapassaria o PIB americano em 2028.
Se tais previsões se confirmassem, naturalmente que isso representaria um abalo significativo nas alegações da superioridade do mercado, pois a China estaria trazendo uma evidência empírica e substancial de que a prosperidade não seria apenas compatível com o planejamento central, como de fato o dirigismo econômico se provaria como a melhor via econômica para o século XXI.
Enfim, o quadro como um todo parecia até então muito promissor para os socialistas. Logo, o que poderia dar errado? E a resposta é: Tudo.
Primeiramente é necessário esclarecer uma importante questão: qual o cerne das décadas de crescimento econômico chinês?
Alguns poderão afirmar que foi o investimento em tecnologia que multiplicou os índices de riqueza chinesa, e que a economia no século XXI de modo geral gira em torno dos softwares e hardwares.
De fato essa resposta tem seu mérito, mas não é suficiente para termos um diagnóstico preciso dos eventos reais.
Na verdade, a vantagem que a China usufruiu e que lançou o país às alturas veio de uma combinação de vários fatores, mas está atrelado essencialmente a questão do seu bônus demográfico.
O bônus demográfico pode ser entendido como a janela de tempo em que um país possui a maior parte dos seus habitantes em idade produtiva, geralmente dos 15 aos 64 anos. Nessa janela de tempo, os indivíduos estão trabalhando e aprendendo novas habilidades, o que resultará numa maior prosperidade geral.
O inverso disso ocorre quando parte significativa da população se aposenta e passa a consumir a poupança acumulada. Assim, quanto maior a idade das pessoas em um país, menor deverá ser a riqueza absoluta produzida.
No geral, esse quadro culmina numa espécie de “armadilha Malthusiana”, em que o país terá milhões de bocas para alimentar, e só um punhado de pessoas trabalhando para suprir a demanda por recursos.
Feitas essas considerações, podemos então retornar à análise do caso chinês.
Embora a riqueza absoluta total produzida pelos chineses venha ano a ano se aproximando do PIB americano, é necessário pontuar que para alimentar sua enorme fábrica, a China contou até então com uma população de 1,4 bilhão de pessoas, sendo que parte significativa destes eram pessoas em idade produtiva.
Agora compare o PIB percapta da China e o PIB percapta americano. Você constatará que a riqueza média de um americano é cerca de cinco vezes maior do que a riqueza de um chinês. Em termos gerais, é como se um americano tivesse para sua economia o peso que cinco chineses tem para o gigante asiático.
Mas como a China até então contava com a maior população do planeta, (1.400.000.000) isso nem sempre pareceu um problema... ao menos até agora.
E aqui vão as más notícias: Em 2050 a China terá 25% da sua população formada por idosos.
Outra previsão desafortunada declara que para cada 100 pessoas trabalhando, a China terá 45 pessoas inativas em um futuro não muito distante.
Tendo em vista a proporção já anunciada de que a China precisa da riqueza de cinco indivíduos para competir com a riqueza de um único americano, fica fácil perceber o por quê da China não poder prescindir do suor e esforços de um único operário.
O diagnóstico não é outro, senão o de que a China hoje está colhendo aquilo que ela mesma plantou, principalmente por conta da sua desastrosa política do filho único.
Até mesmo as reformas recentes introduzidas naquele país concordam com o nosso exame.
Em 2015 a China passou a ver a seriedade do problema e iniciou a política de dois filhos para cada casal. Não obstante, em 2020 os índices de natalidade continuavam a cair pelo quarto ano consecutivo.
Diante desse desafio, o Banco Popular Chinês (CNBC) publicou neste início de 2021 um chamado para que os políticos chineses revoguem todas as políticas de controle de natalidade. Para os executivos do CNBC, a liderança chinesa está em cheque, pois os americanos tem a vantagem de atrair imigração na forma de mão de obra especializada, ao passo que a Índia ultrapassará em breve a China em população e força de trabalho.
“Se meu país diminuiu a diferença com os EUA nos últimos 40 anos, contando com mão de obra barata e o bônus de uma enorme população, com o que ele pode contar nos próximos 30 anos? Vale a pena refletir sobre isso ”, escreveram os autores em chinês, de acordo com uma tradução da CNBC.
Conforme dados das nações unidas, a população chinesa deverá diminuir 2,2% até 2050, ao passo que a população americana terá um acréscimo de 15%.
E já que também mencionamos a questão imigratória, vale constar que são vários fatores que colocam a China como menos atrativa nesse quesito: barreiras linguísticas, invasão de privacidade, censura, ausência de garantias legais mínimas de que burocratas não podem decidir sumir com você sem mais nem menos... todos esses são fatores a se considerar caso você cogite trabalhar em território chinês. Inclusive, os Uigures certamente teriam uma ou duas coisas a dizer sobre isso...
Esse não é um problema que possa ser resolvido por intervenção estatal. Não basta dizer abra cadabra, demanda agregada e assim, sem mais nem menos PUF! surgiriam bebês trazidos por cegonhas impulsionadas por pacotes de estímulos do governo.
Ao contrário, o que a revogação da política do filho único demonstrou é que no atual estágio, as famílias chinesas preferem muito mais dedicar-se às suas carreiras do que despender anos na atividade maternal, simplesmente para fornecer um exército de operários para Xi Jinping no futuro.
Mesmo hoje a questão demográfica sendo o grande calcanhar de Aquiles do PCC, nem por isso devemos esquecer que o castelo de cartas chinês já apresentava muitas outras rachaduras decorrentes da impossibilidade do cálculo econômico sob o socialismo.
Recursos escassos investidos em cidades fantasmas... trens que ligam nada à lugar nenhum... esses são típicos exemplos que os socialistas gostam de fingir que não existem.
Não obstante, a taxa de desocupação de imóveis na China fica entre 10 e 20%, isso segundo dados oficiais. Estamos falando de 50 milhões de residências vazias.
Curiosamente, ainda assim os chineses continuam a comprar imóveis, o que representa muito provavelmente numa atitude desesperada contra a inflação, sendo um sintoma muito próximo do que era geralmente visto no Brasil durante os loucos anos 80.
O intervencionismo cobra seu preço. No início ele pode até fazer com que homens como Zhon Shanshan multipliquem seu patrimônio em dez vezes de um ano para o outro, mas a desastrada gestão dos recursos escassos sempre culmina em descontrole dos preços, do mesmo tipo que a China enfrentou na recente escalada de preço do carvão.
Por fim, nada depõe mais contra a desastrosa situação econômica do país do que o próprio desespero dos burocratas chineses. A ferocidade demonstrada nas relações diplomáticas, a perseguição contra empresários não alinhados, o expansionismo contra Hong Kong e Taiwan... todas essas demonstrações de agressividade mostram que Xi Jinping já sabe que o tempo está contra ele.
E pra fechar com chave de ouro, a China até o presente momento se recusa a liberar os dados populacionais do último censo demográfico, afirmando que precisam “reanalisar” os dados.
Enfim, por mais que o nosso diagnóstico aponte um futuro sombrio para as ambições chinesas, provavelmente a situação real do país é ainda pior do que qualquer um no ocidente é capaz de saber.

Friday, October 8, 2021

A queda do muro de Berlim, o infame muro de contenção antifascista

Trinta e dois anos atrás, na fatídica data de 9 de novembro de 1989, caía finalmente o infame muro de Berlim, dando início ao processo de reunificação das duas Alemanhas.
A extravagante estrutura de ferro e concreto que contava com 45 km de comprimento e cerca de 3 m de altura, era muito mais do que uma barreira física, era o símbolo da cortina de ferro instalada pelos Socialistas para impedir o acesso da população aos países capitalistas.
Ao longo de seus 40 anos de existência, o muro de contenção anti fascista, como era carinhosamente apelidado pelos marxistas, contava com o reforço de mais de 10.000 soldados, centenas de cães de guarda e torres de vigilância, e até mesmo minas terrestres, além de uma área de centenas de metros cheia de obstáculos, chamada "zona da morte", na qual muitos alemães perderam a vida tentando escapar do despotismo soviético.
Não obstante esse tremendo esforço por parte da elite dirigente em manter a população confinada na área socialista, ainda assim muitos alemães tentaram atravessar aquele horrendo obstáculo, e algumas felizmente tiveram sucesso em seu objetivo.
Os números oficiais dizem que mais de 5000 pessoas conseguiram atravessar aquelas barreiras, quer fosse correndo, desviando-se heroicamente das balas, ludibriando os guardas com documentos e uniformes falsos, ou mesmo nadando ou até cavando túneis com centenas de metros no subsolo.
A propósito, o mais famoso desses túneis ficou conhecido como Túnel 57, no qual Joachim Neumann, um engenheiro alemão de vinte e um anos que já havia alcançado o lado ocidental, cavou um túnel de volta ao território ditatorial para ajudar na fuga de sua namorada e outras 56 pessoas.
Mas infelizmente nem todas as tentativas de fuga tiveram um final feliz, sendo que algumas centenas dos que tentaram fugir entraram para as estatísticas dos mortos e feridos pela Stasi, a polícia secreta alemã.
Em alguns casos a Stasi conseguia informações antecipadas e frustrava o trabalho de construção de túneis, outras vezes os próprios esforços desesperados dos alemães acabavam por chamar demais a atenção e eles terminavam presos antes de qualquer medida efetiva para tentar atravessar a fronteira.
Havia aqueles que tentavam gambiarras mirabolantes, como tentar escapar da zona comunista construindo balões caseiros. Outros simplesmente tentavam a sorte de pular sobre o muro. A maioria desses planos acabava falhando.
Em alguns casos os desafortunados fugitivos eram baleados, e por azar, acabavam não morrendo imediatamente, mas terminavam alvejados e deixados sangrando no meio do caminho.
Talvez você não saiba, mas um fato curioso sobre o muro é que a estrutura não fazia parte dos planos iniciais dos dirigentes socialistas, tanto que eles só construíram o muro em 1961.
Ocorre que após o término da segunda guerra mundial, e tendo as potências vencedoras dividido o território alemão, muitas pessoas começaram a fugir da porção alemã que era governada pelos soviéticos.
As estatísticas dizem que naquele período aproximadamente 4 milhões de pessoas já haviam abandonado o território socialista.
Curiosamente, esse número é comparável ao êxodo de países do oriente médio que se encontram em guerra civil.
Por conta disso, os dirigentes socialistas sabiam que era só questão de tempo para que eles estivessem governando um país deserto. E assim, sem prévio aviso, Moscou decidiu erguer a barreira de contenção na divisa com a Alemanha Ocidental.
Essa decisão foi fatal para aqueles que ainda tinham planos de imigrar, mas infelizmente, o muro não era a única forma de controle na Alemanha Oriental, e na verdade, talvez nem fosse a mais brutal.
Conforme mais documentos "antes secretos" chegam a conhecimento do público, o mundo começa a ter uma noção mais aproximada das trevas que imperava no antigo regime.
Tomando por base os próprios registros documentais da Alemanha Oriental, é possível dizer que entre os membros da polícia secreta e seus colaboradores, o governo tinha cerca de um espião para cada 60 pessoas no país.
Nem todos os colaboradores eram efetivamente empregados da polícia secreta, mas o governo tinha vários métodos para conseguir informação. Um desses métodos era justamente a manipulação ideológica, que criava um fanatismo e uma lealdade ao partido tão grande que muitos prontamente denunciavam seus próprios familiares e vizinhos por atividade antirrevolucionária.
Atualmente, diante dos registros da Stasi que sobreviveram para contar a história, não é incomum que pessoas acabem por descobrir que foram espionadas a vida inteira por seus maridos ou filhos, tamanho era o grau de fanatismo que alguns tinham pelo regime.
Para rastrear o movimento de pessoas ditas suspeitas, o regime usava das mais diversas táticas, a ponto de usar odores em objetos pessoais dos cidadãos para que os cães policiais pudessem rastreá-los, e em certos casos, até colocando material radioativo em seus pertences para soar alarmes quando eles tentassem passar pela fronteira.
Assim, não fica difícil compreender o porquê de muitos optarem por enfrentar os riscos da travessia pelo muro, do que simplesmente aceitar viver naquela fúnebre atmosfera infeliz.
Essa teimosia dos alemães deve ter sido quase incompreensível para os socialistas mais fervorosos, pois afinal, aqueles proletários germânicos estavam sendo salvos da exploração capitalista que havia nos países burgueses. Então por qual razão eles faziam tanta questão de fugir do paraíso socialista e arriscar a vida para chegar ao inferno capitalista judaico-cristão ocidental?
Ironias à parte, havia alguns fugitivos que optavam por um percurso diferente, viajando primeiro para a Hungria, para em seguida atravessar a fronteira austríaca.
Essa pitoresca rota de fuga foi particularmente importante no fim dos anos 80, pois o processo de reabertura da Hungria já havia começado, já que em 1989 O comunismo já tinha enfraquecido de forma tremenda nos países aliados e satélites da União Soviética.
Com isso as barreiras físicas entre a Hungria e a fronteira austríaca já começaram a cair em maio de 1989, 6 meses antes da queda do muro de Berlim.
Muitos alemães não pensaram duas vezes e aproveitaram a chance de viver uma vida mais livre do outro lado da muralha.
Assim, com o inegável enfraquecimento dos tentáculos soviéticos no leste europeu, a queda do muro de Berlim também tornou-se inevitável, e acabou por efetivar-se em 09 de novembro de 1989.
Assim, o fim do famigerado muro de contenção antifascista foi na verdade a conclusão de um processo de esfacelamento da cortina de ferro que já se deteriorava há muitos anos.
Reza a lenda que nós devemos conhecer a história para evitar repeti-la. A divisão da Alemanha, com resultados tão benéficos para o lado ocidental, e com resultados tão sofríveis para o território socialista, serve como uma sonora evidência contra esse nefasto sistema político.
É como dizem: se o socialismo não deu certo na Alemanha, é porque não dará certo em lugar nenhum.
Mas não se surpreenda se por um acaso os militantes da religião dogmática de Karl Marx ainda assim argumentarem que o socialismo é o melhor sistema. Alguns deles até usam de curiosas estatísticas para dizer que a vida sexual das alemãs era melhor durante a vigência do inditoso regime vermelho.
Sim, por incrível que pareça, eles tem até livros desenvolvendo a tese de que o igualitarismo do leste ajudava as comunistas a se libertarem das amarras do patriarcado, e que por isso elas fodiam mais e melhor.
Não, você não ouviu errado. Até uma foto de origem duvidosa da chanceler Angela Merkel numa praia de nudismo é usada como argumento de que as alemãs do leste tinham mais liberdade sexual.
Bem, o golpe ta aí, cai quem quer. Fato é que podendo ou não encontrar a Angela Merkel numa praia de nudismo, ainda assim havia uma incomensurável fila de pessoas na Alemanha oriental desejosas de escapar do paraíso socialista.
E mesmo na atualidade, mesmo passados trinta e dois anos deste fatídico evento, as zonas alemãs que antigamente eram governadas pelos socialistas até hoje não se recuperaram da tragédia marxista, havendo uma enorme discrepância de renda e qualidade de vida entre a parte leste e a parte oeste de Berlim.
Isso posto, só podemos nos empenhar para que cada vez mais fatos como estes venham a conhecimento do público geral, para que de uma vez por todas as pessoas consigam superar a virulenta ignorância que é espalhada pelos propagandistas da causa de Karl Marx.

https://www.smithsonianmag.com/history/most-successful-tunnel-escape-history-berlin-wall-180953268/
https://outline.com/5zVNm8
https://www.socialistamorena.com.br/comunistas-transam-melhor/
https://www.dw.com/pt-br/piquenique-pan-europeu-o-come%C3%A7o-do-fim-da-cortina-de-ferro/a-50055898

Wednesday, May 19, 2021

Josef Stalin e a macabra ilha canibal

A história da repressão stalinista há muito tempo vem atraindo o interesse de estudiosos e do público em geral, resultando em inúmeros livros e artigos sobre o assunto.
Um dos livros mais icônicos sobre a tragédia humanitária na União Soviética foi escrito pelo historiador francês Nicolas Werth, denominado "Ilha canibal, morte em um Gulag Siberiano."
Como o próprio título já adianta, o livro aborda um dos mais perturbadores episódios da tirania socialista liderada por Stálin e seus asseclas, ocorrido na ilha Nazino na década de 1930 e que resultou em um cenário de fome tão insuportável que as vítimas do Gulag comiam-se umas as outras no desespero por falta de alimento.
Segundo registros, dois terços dos enviados para Nazino acabaram morrendo por conta das condições precárias.
Há certas linhas que definitivamente não deveriam ser cruzadas. Uma dessas é a antropofagia, que é o ato de comer carne humana.
É claro que a maioria das pessoas só optariam pela carne humana como um último recurso, num perturbador ato de desespero para salvar suas vidas. Como foi o caso dos sobreviventes do Voo Força Aérea Uruguaia 571, que caiu na Cordilheira dos Andes em 13 de outubro de 1972. Esse foi um voo fretado que transportava 45 pessoas, incluindo uma equipe de rugby, seus amigos, familiares e associados. Aproximadamente um quarto dos passageiros da aeronave morreram imediatamente após o acidente e outros sucumbiram posteriormente devido ao frio e aos ferimentos. Os sobreviventes tiveram que lidar com condições climáticas extremas, frio excessivo sem nenhum tipo de fonte de aquecimento, a mais de 3,6 mil metros de altitude. Eles passaram cerca de 72 dias na região inóspita, por isso, para sobreviver, não lhes restou opção a não ser se alimentar da carne dos falecidos.
De todo modo, a literatura médica possui farta documentação sobre as consequências desse ato tenebroso, valendo a pena citar a famosa Febre de Kuru, definida como uma doença neurodegenerativa, infecciosa, causada por um príon.
A doença foi descoberta pela investigação de uma doença que atacava uma tribo de nativos da Nova Guiné. Acontece que essa tribo era contaminada pelo príon ao realizar rituais de antropofagia, devorando o cérebro de pessoas falecidas para conseguir assimilar sua sabedoria.
Não é possível saber se a antropofagia na ilha canibal de Stálin desencadeou alguma doença desse tipo, mas o que está bem documentado é que uma vez que o consumo de carne humana começou, o cenário foi de mal a pior.
No início, as pessoas na ilha devoravam os cadáveres apenas para aplacar sua fome, mas após um tempo, também teve início a criação de gangues no território que atacavam as pessoas ainda vivas para devorar seus corpos.
A origem dessa experiência macabra veio da política soviética de isolar na Sibéria os elementos indesejáveis aos olhos da revolução.
Esses elementos incluem presidiários que precisavam ser remanejados para combater a super lotação carcerária, pessoas que violavam as restrições de circulação impostas com a política de passaportes, e também os famosos kulaks, expressão usada para identificar camponeses que eram contrários ao regime.
Ao todo, cerca de 6200 pessoas foram enviadas para Nazino, das quais dois terços morreram nesse processo, ou durante o transporte, ou por conta das condições sub-humanas que encontraram lá.
Haviam naqueles tempos diversas porções da Sibéria com pouca ou nenhuma ocupação humana e os comunistas planejaram promover o povoamento da região, com vistas a se beneficiar do futuro cultivo agrícola.
Mas na maior parte das vezes, as pessoas escolhidas pelo regime eram as mais inadequadas para servir como mão de obra rural.
Conforme Hardy Werth, os comissários do partido comunista enviaram para lá pessoas inválidas, idosos e até mesmo uma menina de doze anos que foi encontrada esperando a mãe numa estação de trem. Assim, muitas dessas pessoas eram mais bocas à alimentar do que mão de obra produtiva.
Para a maioria de nós, ao tomar conhecimento destes atos terríveis, fica até difícil imaginar o porquê de tantas ações macabras e completamente sem sentido.
Uma possível explicação para essas detenções absolutamente sem critérios é oferecida pelo historiador Alexandre Soljenítsin, autor do livro Arquipélago Gulag e ganhador do prêmio Nobel de literatura.
Segundo Soljenítsin, haviam metas de prisões a serem cumpridas pelos oficiais comunistas, e dada a maquiavélica cadeia de incentivos, as forças de segurança acabavam por selecionar seus alvos de forma completamente aleatória e arbitrária, mesmo inclusive entre cidadãos comuns que jamais deram qualquer motivo para detenção.
Para Soljenítsin, havia muito pouca resistência oferecida por essas vítimas pois elas simplesmente acreditavam que tudo era um engano e que o mal entendido seria posteriormente resolvido.
Porém, conforme podemos confirmar através dos relatos de mortes entre os condenados apresentados no livro de Hardy Werth, no fim das contas muitas dessas pessoas inocentes sequer tiveram a oportunidade de saber o motivo de estarem sendo presas.
Eis um fato intrigante que vale a pena enfatizar: a doutrina comunista combatia ferozmente a crença religiosa, mas ironicamente, ao mesmo tempo os discípulos de Marx mostravam uma fé absoluta em seus próprios planos mirabolantes de reforma social.
E por mirabolantes, estamos falando do envio de pessoas para ocupar a Sibéria recebendo no máximo um punhado de farinha que eles teriam de misturar com a água do rio para poder cozinhar.
E se não bastasse, os prisioneiros ainda eram fustigados pelos guardas da ilha, que agiam da forma mais abjeta, extorquindo roupas dos colonos e até atirando em alguns por simples esporte.
Infelizmente, essa não era a primeira nem a última vez que o comunismo provocaria cenas de fome e canibalismo. Conforme o historiador britânico Orlando Figes documenta, as mães, para alimentar os seus filhos, decepavam os membros de cadáveres e ferviam a carne; as pessoas alimentavam-se dos seus próprios parentes, e, com frequência, até mesmo bebês, já que eram menos resistentes à fome e às doenças, além de possuir uma carne mais macia.
Talvez em algum momento você já tenha se perguntado sobre a origem daquele dito popular que diz que comunistas comem criancinhas... bem... agora você já sabe a origem dessa lenda urbana, que infelizmente revelou-se como sendo muito mais do que uma mera anedota.
Quantas vezes esses episódios vergonhosos ocorreram? Bem, isso é difícil dizer, mas somando a grande fome dos anos 1921 e 22, com o processo de coletivização das fazendas ucranianas e episódios tais quais os da ilha Nazino que ocorreram em 1933, só podemos infelizmente constatar que tais atos odiosos foram bem mais que meras eventualidades.
O experimento da ilha canibal de Stálin é antes de tudo a demonstração da futilidade e o fracasso definitivos do planejamento na União Soviética.
Embora estivessem operando uma máquina de moer carne humana, as autoridades soviéticas tomavam as taxas de mortalidade extraordinárias como mero contratempo da marcha histórica em direção ao comunismo.
Vale lembrar que essa marcha histórica era impulsionada pela fé na ciência e no progresso, e considerada como um sacrifício necessário na luta implacável pela revolução.
Mas isso em nada absolve os tiranos soviéticos. Na verdade, os maiores absurdos já realizados pelo ser humano foram constantemente justificados como sacrifícios em nome de um bem maior.
Curiosamente, nós temos visto nos últimos tempos um fortalecimento desse discurso conhecido como autoritarismo necessário. E infelizmente os libertários tem constituído uma das poucas vozes a se levantar contra essa marcha rumo ao abismo.
De qualquer forma, resta evidente que nenhuma tirania deve ser tolerada, por mais que os tiranos proclamem estar agindo em nome da coletividade e do interesse público.
Enfim, desde Karl Marx e sua pretensa luta em favor dos trabalhadores, até os revolucionários russos e seu alegado combate aos privilégios dos ricos, toda essa gigante montanha de boas intenções foram sucedidas dos atos mais bárbaros que a humanidade já viu.
E o mais incrível é que tudo isso poderia de antemão ser evitado, se tão somente as pessoas envolvidas tivessem dado ouvidos à magistral advertência que Mises escreveu já no início da década de vinte, sobre as falhas do modelo econômico do socialismo.
Mas não somente suas advertências foram ignoradas, como até hoje há quem procure reaproveitar a proposta socialista na Venezuela, na Nicarágua, em Cuba, China e Coreia do Norte.
E como a ameaça do socialismo continua a bater nas nossas portas, cabe a nós apresentar resistência em todas as frentes possíveis e com todas as armas ao nosso alcance, sob pena de, por nossa inércia, sermos reduzidos futuramente a um estado famélico e deplorável de abjetos canibais.


https://www.youtube.com/watch?v=_sLNBQDBVqk
https://networks.h-net.org/node/10000/reviews/10320/hardy-werth-cannibal-island-death-siberian-gulag
https://portaldeprefeitura.com.br/2021/03/04/artigo-comunistas-comem-criancas-as-historias-por-tras-do-mito-por-jason-medeiros/
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/da-insalubridade-escassez-de-comida-5-fatos-sobre-caso-nazino-ilha-canibal-de-stalin.phtml
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2701200816.htm
https://www.infoescola.com/doencas/febre-de-kuru/

Saturday, February 13, 2021

Uma visão nada convencional sobre a proclamação da república

As histórias que ouvimos de nossos tutores geralmente falam da monarquia como um regime retrógrado, uma forma de governo bárbara e primitiva, incompatível com a modernidade e a tecnologia.
Por conta de um legado historiográfico muitas vezes isento de autocrítica, pinta-se a figura dos antigos monarcas como exemplo de despotismo e obscurantismo, e que precisavam dar lugar a uma forma de governo mais alinhada com o século das luzes.
Mas, para caminharmos em direção aos fatos que ilustram essa matéria, e desfazer certos mitos impregnados no imaginário popular, teremos de revisitar alguns acontecimentos da nossa história, trazendo à luz certos fatos politicamente inconvenientes que os republicanos por muito tempo fizeram questão de omitir.
Então, convidamos você a nos acompanhar por mais essa singela viagem. Por isso senta que lá vem a história.
Ao contrário do que se poderia esperar depois de tantos séculos de propaganda oficial, nunca houve no Brasil uma adesão minimamente significativa à plataforma republicana.
A verdade não contada é que a monarquia, mesmo com seus altos e baixos, ainda contava com muito mais prestígio do que seus opositores, e àquela altura do campeonato eram poucos os que realmente acreditavam que substituir o imperador por um presidente faria mudar para melhor os rumos do país.
Um dos que rejeitavam completamente a proposta republicana era ninguém mais ninguém menos do que o próprio Deodoro da Fonseca, que entraria para a história como o proclamador da república e o primeiro presidente brasileiro.
Antes de virar a casaca, Deodoro por diversas vezes afirmou que o modelo republicano era totalmente incompatível com o espírito nacional, e até passou a aconselhar seu jovem sobrinho para que se afastasse da agenda revolucionária dos republicanos.
Contudo, para chegar nesse ponto, a história brasileira passa necessariamente por várias intrigas palacianas regadas a muita fake news, como você verá. 

Ao mesmo tempo em que o movimento republicano não decolava, é bem verdade que o exército começou a ganhar força e influência no país. E isso seria de particular importância no futuro, já que foi o exército a instituição responsável pelo golpe que alterou o regime.
Cabe constar que, até aquele momento na história, a força militar que detinha o maior prestígio no país era a marinha, seguindo a tradição das armadas europeias.
Mas esse fato estava prestes a mudar, pois quando o mentecapto ditador paraguaio Solano López invadiu o Brasil, julgando ser uma espécie de Napoleão dos trópicos, coube ao exército a defesa e os maiores sacrifícios em prol do território nacional.
E foi justamente nessa época que Deodoro começou a fazer fama, conquistando várias condecorações por bravura e começando a ser visto como uma liderança nacional e possível substituto de Dom Pedro II.
Em virtude desse novo status do exército, muitos passaram a ver na instituição uma saída para curar a chaga da corrupção brasileira.
Outro fator relevante é que o exército foi sendo aos poucos invadido pela filosofia positivista de Augusto Comte, e embora essa moda filosófica já estivesse passando na Europa, já que Conte era oficialmente doido de pedra, aqui no Brasil esse pensamento ainda fervilhava no fim do século XIX.
Os positivistas eram em sua maior parte homens jovens ligados ao exército que chamavam a si próprios de "os científicos" e acreditavam ter em mãos o manual para resolver todos os problemas da humanidade.
Antes de prosseguirmos, reflita sobre uma curiosidade: Onde você já viu esse roteiro? Um grupo de jovens insatisfeitos que descobre um manifesto aleatório e acredita ter a resposta para todas as perguntas e a cura para todas as dores... e que para implantar seu paraíso só precisam tirar de cena os mais velhos com seus pensamentos mofados, e revolucionar todas as estruturas arcaicas vigentes...
Se você achou que isso era coisa de roqueiros hippies, punks ou black blocks do PSOL, bem, você pensou errado. Toda geração pode se orgulhar de ter seus próprios idiotas úteis.
Eles perceberam então que para assumir o poder, os positivistas precisavam do apoio de um célebre nome da velha guarda do exército, e Deodoro preenchia todos os requisitos. Exceto pelo fato de que ele era monarquista e se considerava amigo do imperador.
Vale mencionar que a monarquia também não era propriamente popular entre as elites agrárias, por conta da abolição da escravatura. Na verdade, quando houve a abolição, os donos de engenho mostraram-se indignados por não receber qualquer indenização do governo.
Adicione-se a isso o fato que também tivemos certa instabilidade vinda do exército, já que as reivindicações por melhores salários não estavam sendo atendidas.
E foi em um desses embates por melhores salários que o conspirador republicano Júlio de Castilho começou a semear a discórdia entre Deodoro e Dom Pedro II. Acontece que Júlio de Castilho publicou na imprensa com a participação de Deodoro um manifesto pelo aumento do soldo do exército.
Mas legalmente até então os militares não podiam se envolver em política, e aquele manifesto colocava Deodoro numa posição delicada.
Aproveitando-se disso, as lideranças republicanas espalharam o boato de que o Visconde de Ouro Preto, (que tinha um cargo equivalente ao de primeiro ministro) mandaria prender Deodoro da Fonseca.
Por uma infelicidade, Deodoro acaba acreditando no boato e decide agir, marcha até o gabinete e destitui o Visconde de Ouro Preto de seu posto.
As esperanças dos golpistas era de que já nessa ocasião Deodoro imediatamente assumiria o poder e proclamaria a república, o que não aconteceu, já que Deodoro conservava certa lealdade ao imperador.
Mas ainda havia um último recurso, uma sórdida carta na manga dos republicanos que certamente mudaria os rumos do Brasil.
Segundo a mais nova fake news dos republicanos, Dom Pedro II tinha decidido nomear o senador gaúcho Gaspar Silveira Martins para o ministério que pertencia ao Visconde de Ouro Preto.
Ocorre que Deodoro e Gaspar eram inimigos de longa data, já que anos antes esse mesmo homem teria disputado com Deodoro os amores de Maria Adelaide Andrade Neves, a filha do Barão do Triunfo.
Contam os relatos que a baronesa rejeitou as investidas de Deodoro e casou-se com o senador gaúcho, gerando uma rixa eterna entre os dois pretendentes, fato este que mais tarde abalaria os pilares do império.
Ora ora... quem poderia imaginar que a história do Brasil teria sua própria Helena de Tróia?
Quando ouviu que seu rival Gaúcho seria nomeado para o ministério imperial pelo próprio Dom Pedro II, Deodoro da Fonseca deixou aflorar a dor de seus chifres e declarou: digam ao povo que a república está feita.
E assim, num passe de mágica, os militares deram a notícia a Dom Pedro, dizendo que ele e sua família precisavam arrumar as coisas e sair do país imediatamente por ordem do novo governo.
Os republicanos até providenciaram para que a família real deixasse o país de madrugada, temendo que houvesse algum tipo de reação violenta por parte do público.
E de fato, a preocupação não era a toa, já que o movimento republicano não era nada popular, ao passo que a família real detinha um razoável prestígio, principalmente entre os negros libertos. E por isso muitos sequer entenderam o que estava se passando naquele momento.
Segundo um icônico relato do jornalista Aristides Lobo, o povo simplesmente assistiu bestializado ao que se passava.
Assim, com base em conspirações, fofocas e intrigas palacianas regadas a muita fake news, o Brasil entrava no período republicano, um período que teria muitos golpes e contragolpes, e que ainda levaria ao poder figuras como Dilma e Getúlio Vargas.
Por isso, não é de se admirar que cada vez mais pessoas considerem que o golpe da república foi uma das piores tragédias do país.
Bem, antes de encerrarmos, é pertinente que você saiba que tipo de política foi implantada pelos mentores do governo republicano.
Você ainda se recorda de que os ideais supostamente científicos dos positivistas iriam resolver todas as mazelas do país?
Pois eu desafio você a adivinhar: qual foi a primeira política instituída por Rui Barbosa, o homem conhecido como o maior de todos os intelectuais da república?
Acertou se você disse imprimir dinheiro sem lastro.
Sim, a nata da intelectualidade positivista fez o que os governos sempre fazem...
Barbosa autorizou que os bancos estaduais emitissem dinheiro, afirmando que um dos problemas do Brasil era a falta do meio circulante...
E assim, com as impressoras trabalhando a todo o vapor, e com ações sendo emitidas como nunca antes visando um projeto de modernização do país, cada vez mais o dinheiro que era injetado na economia era usado para comprar as novas ações emitidas, causando a retroalimentação de um círculo vicioso e uma crise inflacionária sem precedentes.
Essa crise ficou conhecida como crise do ensilhamento, que é um termo que remete às frenéticas apostas de corrida de cavalos, tão louca foi essa política protokeynesiana de Rui Barbosa.
E apesar de ter sido o mentor de um desastrado programa gerador de uma inflação galopante, até hoje há quem reconheça Rui Barbosa como o maior intelectual do Brasil.
Mas como dizia o dito proverbial: não há nada de novo debaixo do sol, e fatos assim só confirmam a insanidade de delegar os rumos da economia a uma casta de intelectuais com planos mirabolantes de engenharia social.

Friday, January 29, 2021

Livre mercado de energia reduziria em 30% as contas de luz

Neste início de 2021 um estudo capitaneado pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia entregou para os órgãos reguladores do setor um estudo prevendo uma economia de 30% nas contas de energia elétrica caso sejam implantadas medidas de abertura do mercado brasileiro de eletricidade.

Segundo o estudo, seria possível implementar essa abertura oferecendo ao consumidor a chance de escolher os fornecedores de energia, fazendo com que o preço seja drasticamente afetado pelo cenário de livre concorrência.

Essa abertura não apenas traria benefícios na diminuição dos custos da conta de luz, como até mesmo permitiria que o consumidor escolhesse se prefere receber sua energia de fontes de energia limpa, como solar ou eólica. Atualmente somente empresas que consomem um mínimo de 2.000 watts usufruem dessa liberdade de contratação.

Curiosamente, esta é uma discussão que sempre traz grandes embates entre estatistas e entusiastas do livre mercado. Os defensores das concessões monopolistas proclamam aos quatro ventos que o mercado por si só não é capaz de oferecer soluções viáveis para problemas de grande escala, como seriam os investimentos em energia elétrica. Para estes estatistas, apenas o estado outorgando concessões monopolistas poderia trazer os incentivos para que empreendedores privados arriscassem seu capital neste tipo de negócio.

No entanto, os estatistas ignoram o fato de que esse modelo de mercado aberto de energia já é uma realidade em diversos países, como Canadá, Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia, que a propósito, também são países bastante conhecidos por promover um ambiente de liberdade econômica e geração de riqueza.

No arranjo brasileiro, as empresas envolvidas investem muito pouco em capital e usufruem de lucros absurdos. Inclusive, especialistas em investimentos costumam apontar para as concessionárias de energia como empresas pagadoras de gordos dividendos, justamente porque sua posição de conforto lhes possibilita ter um caixa muito alto enquanto que suas contrapartidas são realmente pífias.

Por tais fatores, os auto proclamados justiceiros sociais deveriam ser os primeiros a exigir o fim desse arranjo nefasto. Afinal, capitalistas especuladores usam dessas empresas monopolistas como fonte de lucro fácil e quase sem riscos, e tudo isso às custas das elevadas taxas de energia que são pagas pelas famílias mais pobres.

No entanto, não estranhe se nos próximos dias vierem a público uma horda de partidos vermelhos condenando a abertura de mercado do setor elétrico. Como já dito, eles precisam a todo custo sustentar a narrativa de que você necessita do estado, e que sem a intervenção de políticos benevolentes você estaria completamente nas trevas ou no máximo tendo sua casa abastecida por lamparinas.

Assim mesmo, uma das irônicas consequências é que os mesmos defensores desse arranjo perverso não perdem a menor chance de culpar o capitalismo por todos os problemas que atingem o arranjo vigente, que é por eles tão ardentemente defendido. Deste modo, problemas como os que acometeram o Amapá imediatamente são anunciados pela esquerda como sendo uma falha de mercado que precisa ser corrigida pelo estado interventor, embora seja o próprio estado, suas licitações e estruturas perversas de incentivos quem de fato gera todo esse cenário escabroso.

Na esteira do que já foi dito sobre altos custos de energia, convém recordar que recentemente chegou a circular na imprensa um quadro comparativo em que o Brasil figurava como o 37º país que mais cobra pelos serviços de luz, o que chega ser quase inexplicável, dado todo o potencial hídrico brasileiro.

Nas causas por detrás desse descalabro podemos citar a desavergonhada incidência de impostos como o PIS/COFINS, além da famosa socialização dos prejuízos, como os famosos gatos de luz cujos custos são prontamente repassados pelas empresas para que sejam quitados pelo consumidor comum.

Outras razões de queixa ainda incluem a instabilidade e interrupções na distribuição de energia, o que invariavelmente implica em prejuízos para empresas tanto em maquinário, como em estoques que necessitam de constante refrigeração. O irônico é que as empresas são justamente aquelas que arcam com as contas elétricas com as tarifas mais caras, já que no Brasil é praticamente crime empreender e gerar riqueza.

Some-se a esse arranjo perverso as constantes alterações de bandeiras tarifárias e você terá um cenário que desmotiva qualquer um que queira empreender e calcular custos de uma forma minimamente racional e coerente. Sim, todo esse sistema perverso de monopólios impacta de forma infernal as possibilidades de negócios no país.

Vale menção ainda que a maldição do setor elétrico chega a influenciar até mesmo o cenário das criptomoedas. Os nerds de plantão que já tiveram a curiosidade de calcular os custos de investir em mineração de bitcoin ou Ethereum sabem bem que as tarifas cobradas no Brasil torna praticamente proibitivo o funcionamento de máquinas de mineração por aqui.

Por todo o exposto, fica mais do que claro que o Brasil necessita urgentemente das tão anunciadas reformas e abertura comercial, as quais raramente saem do papel.

Caso porém esse novo projeto realmente vingue, e se realmente as tarifas de energia tiverem um barateamento na ordem dos 30%, esse será um claro motivo para comemoração por parte dos amantes da liberdade.


Dicas do direito com o Canal Intimados

Olá amigos, tudo bem? Quero orgulhosamente anunciar que estou investindo em um novo projeto que é o Canal Intimados. Nosso canal tem a propo...