Thursday, July 4, 2019

Haitianos tem carregamento de alho roubado pela marinha americana.

    Na última semana de junho a guarda costeira americana, (que aparentemente não tinha nada melhor que fazer) resolveu interceptar um perigoso carregamento de alho que viajava do Haiti para a república Dominicana.
    Antes de prosseguirmos, relembremos um pouco do contexto em que estão inseridas as pessoas do Haiti: desnutrição; índices alarmantes de contágio pelo HIV; um cenário geográfico castigado hora por furacões, ora por terremotos; pessoas consumindo bolachas de barro e agora... a violência de uma potência externa impedindo o livre comércio.
    As razões para gastar recursos escassos do contribuinte americano nesse tipo de operação se resume a nada mais nada menos que protecionismo puro e simples.
    O cerne da questão é a guerra comercial com a China. Hoje o gigante asiático responde por mais de 70% da oferta mundial de alho. Inúmeros países, da República Dominicana à Tailândia, têm cotas de importação de alho. Em particular, a Tailândia tributa 65.000 toneladas de alho a cada ano a uma taxa de 27%, e qualquer alho além disso é tributado em 57%. Como resultado, evitar tais limites se mostra lucrativo e perigoso.
    Em 2013, a Suécia emitiu mandados de prisão para dois britânicos que evitaram o imposto de 9,6% da União Europeia sobre o equivalente a 10 milhões de euros em alho, distribuindo-o pela Noruega, um país não pertencente à UE. Muitas vezes, os embarques de alho são deliberadamente rotulados como gengibre ou maçã.
    Como parte da recente guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, os EUA impuseram tarifas de 10% ao alho chinês. Quem está fazendo a festa é Ken Christopher, um dos barões do alho da cidade de Gilroy, Califórnia. O empresário corporativista até ganhou a bandeira que sobrevoava o edifício do Capitólio dos EUA no dia em que a tarifa foi promulgada.
    Quando burocratas do estado tem o poder de decretar de ofício quem pode comprar, de quem pode comprar, e quanto pode comprar, o resultado é a maximização da pobreza geral em benefício do interesse de uns poucos lobistas com conexões com a burocracia. Resulta ainda desse infame arranjo que valores como respeito à livre iniciativa, livre comércio, respeito à autonomia da vontade e  à propriedade privada são prostituídos em prol de reservas de mercado artificialmente arquitetadas pelas canetas de corporativistas de Washington... isso que era suposto os EUA serem a exata representação do capitalismo.
    Pelo bem dos haitianos que estão tentando sobreviver ante desafios inimagináveis, desejo todo sucesso aos traficantes de alho e a todos os novos piratas do Caribe que contrabandeiam especiarias.
Fonte: https://www.maritime-executive.com/article/u-s-coast-guard-intercepts-garlic-smugglers

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